O OPEN HOUSE PORTO é um acontecimento que move anualmente as cidades de Matosinhos, Porto e Gaia ao revelar arquiteturas de qualidade excecional e original, habitualmente vedadas ao grande público. O foco curatorial da quarta edição aponta para arquiteturas de utilização industrial e para aquelas de sustentação das suas atividades, sejam de produção ou de habitação, mas também de vocação institucional, seja social ou cultural, numa demonstração clara de que as cidades que herdámos souberam assimilar e conciliar a indústria com os diversos usos que as estimulam e mobilizam.

Abrem-se arquiteturas abandonadas, revelam-se outras renovadas ou revalidadas por usos compatíveis e úteis para o futuro, respeitando a memória e a história, tanto na sua dimensão simbólica como enquanto matéria-prima para as novas intervenções. Entre estes dois limites de atuação dos arquitetos, ora preservando ora transformando, oferece-se a visita a obras com abordagens diferenciadas, propondo alargar os debates que hoje decorrem sobre a transformação das cidades, crescentemente assediadas pelo turismo.

Esta edição procura ainda desmistificar e desmontar tabus sobre a industrialização e a desindustrialização presentes nas três cidades. Os 65 espaços selecionados são, por isso, prova da sua validade e de diversas viabilidades arquitetónicas, atuais e futuras. Tantas vezes, foi da industrialização o salto de modernidade e urbanidade, de afirmação e de promoção de cidade, a razão de introdução e atualização de infraestruturas e, também, de mobilidade, de vitalidade identitária ou de crescimento demográfico. As indústrias atuais são de novo estimulantes para as cidades, atraindo variados usos habitacionais, comerciais, sociais e culturais, e outras formas de revitalização que interessa perceber e promover para garantir a diversidade e a qualidade da urbe.

Espelhando a heterogeneidade atual, em Matosinhos divulgam-se grandes infraestruturas e fábricas em laboração, a par da reputada arquitetura portuguesa moderna. Em Gaia revelam-se reconversões de caves de vinho do Porto e de armazéns industriais históricos ao longo da marginal. No Porto mostra-se a multiplicidade de programas patrimoniais e funcionais recentes em diferentes escalas e estados de conservação, das fábricas às casas de ilha, das tipografias às oficinas, dos clubes aos hotéis, dos serviços às tecnologias de topo, dos palácios às indústrias, afirmando, sempre, a sua grandiosidade, dignidade e legitimidade. Abrem-se, ainda, nas três cidades, infraestruturas civis e militares instaladas com a industrialização e que hoje operacionalizam o dia-a-dia da área metropolitana: meios de transporte e comunicação, hospitais, quartéis, uma ponte ou um cemitério.

A industrialização é um motor de urbanidade e, perante a perspetiva de desaparecimento dos vestígios industriais, importa considerar que muitos locais recorrem hoje às novas tendências tecnológicas e informáticas, atualizando a ideia de indústria e novas formas de fazer cidade.

 

O L’ Atelier des Créateurs é um dos edifícios incluídos nesta iniciativa.

Encontre toda a informação em: https://2018.openhouseporto.com/places/atelier-createurs/